Wednesday, January 03, 2007

O vazio

Eu já senti o VAZIO e ele é assombroso! Desarmem-se dos clichês! Estou falando do vazio literal. Nada de vazio sentimental, amoroso, de solidão. Falo do vazio mesmo, da dúvida que me persegue desde criança do que existiria se nada existisse. Quando era pequeno, sempre me pegava pensando nessa hipótese: - E se tudo o que conhecemos simplesmente não existisse? O que haveria, o que sucederia, o que existiria? Infelizmente a gente cresce e, na verdade, "encolhe".

Quer dizer, a gente fica pequeno quando o assunto é se espantar com o mundo. Essa sociedade banalizante, de conceitos e valores rasteiros, acaba por nos contaminar, mas sinto como se eu não tivesse sido infectado de todo, pois, apesar de não mais experimentar aquela sensação aterrorizante de imaginar como seria o NADA, eu também não me enquadro em muitas das "verdades absolutas" que todos tomam para si.

Eu não me contento fácil, nem a ilusão do amor, nem o prazer de um orgasmo, nem o mais delicioso dos pratos, nem a melodia mais transcendental e daí, idiotamente, busco o prazer no desconhecido e o VAZIO aumenta. Enfim, nada foi ou será capaz de desviar minha atenção, de arrefecer essa minha inquietação, essa minha surpresa diante do que muitos nem param para pensar.

O problema é que eu consigo imaginar o VAZIO, mas não consigo imaginar o TUDO que existe à minha volta: cima e embaixo, esquerda e direita, frente e trás, claro e escuro, frio e calor, vento, cheiro, toque, chão, peso, tempo e acreditar de uma vez por todas que isso TUDO existe. E que este fato, por si só, já é tão fantástico que chega ser uma tremenda estupidez acreditar no VAZIO.

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