Sunday, June 24, 2012

Faltou Coragem

É fácil viver ignorando o que o coração manda. Porque muitas vezes o que a gente sabe que o certo é também o caminho mais difícil. E mais doloroso, a princípio. E foi por essas e outras que eu me descobri uma covarde. Coisa que nunca tinha visto em mim antes, carcaterística que eu considerava de gente fraca e de caráter duvidoso.

Pois é, eu faço parte deles também.

E quando você se dá conta de que é covarde, você procura imediatamente reverter esse quadro. Tentar provar pra você mesmo que sabe o que é melhor, optar pelo caminho certo e não pelo fácil. Até porque... nada é fácil mesmo.

Nem todos os homens são traidores em potencial, nem todas as paixões são destinadas às lágrimas, nem todos as luas cheias deixam as mulheres loucas, nem todas as crianças são fofas e gentis (mas todos os pais têm culpa), nem todos os salários são essa bosta, nem todo emprego é trabalho, nenhuma família é de comercial de margarina, nem todo parente é de confiança, mas toda melhor amiga é melhor que parente ruim, nem todo mundo briga por dinheiro, nem todo céu é paraíso pra todo mundo. 

E, hoje covarde consciente, me deu uma vontade de escrever que nem tudo é o que a gente acha que sempre foi. Passei anos e anos acreditando que amar era sofrer pela simplicidade de acabar sempre primeiro para um dos dois. E acreditei. Meu ascendente em Virgem nunca deixou alguém se aproximar e tornar caótico o que eu conseguia organizar fugindo e sendo covarde tão magistralmente. Mas sabe o que acontece: o mundo não é dos covardes. E por mais que você fuja, te encontram. Mesmo que você fuja de você mesmo.

Hoje eu coloquei um recado pra mim mesmo no porta recados da geladeira. Eu escrevi "Força", bem no meio do quadro. Que é pra encarar a grande onda de mudanças que eu preciso atravessar e tornar-me um amante corajoso.

Por favor, me desejem sorte. Toda ela é bem vinda.

Tuesday, November 22, 2011

Riso Mental

Uma das coisas que demorei a aprender, mas finalmente entendi: todo seriado de comédia que eu ADORO é uma tragédia, a diferença está nas risadas. Aquele risinho eletrônico que marca as piadas de sitcoms e esquetes de humor, sabe qual? Tire os risinhos de um episódio de Friends e você só vai ver constrangimento, desgraça, deslealdade e alguns dos sete pecados capitais. Mas, graças aos risos, no final é só diversão.

É por isso que ando tentando desenvolver o riso mental. Eu, que já usei o mantra mental, a música-tema mental, agora estou partindo pra esse novo modo cognitivo comportamental de ver o mundo. Uma risadinha muda tudo, mesmo que seja na forma de humor negro.

A risadinha mental é a salva de palmas pra quem está se sentindo um palhaço – neste caso eu. Se a vida me dá uma piada ruim, faço uma pirueta, coloco dentes postiços e assumo uma posição de diversão alheia. Alguém deve estar rindo, em algum lugar do universo. Projeto a minha performance pra esse espectador misterioso - Deus, meu amigo imaginário, meu anjo da guarda, meu santo protetor - e tento ouvir os risinhos. Eles estão lá, é só procurar.

Claro que sempre existe a possibilidade de se levar a sério. Confesso que já tentei isso também, mas foi tão ridículo que desisti rápido. Sofri. Fui ridicularizado e julgado. Pelo menos os risinhos mental me dão mais dignidade.

A gente é palhaço, mas é limpinho.

Sunday, October 30, 2011

Maria Arrependida

Cansei de gente que não se arrepende. Já viu aquele povo que responde em entrevistas que não faria nada de diferente se pudesse voltar ao passado? Ou que diz que só se arrepende do que não fez? Pois é, não confio nessas pessoas. Eu sou do tipo que mudaria uns dez itens desde a hora que acorda até o almoço. Se não pelo erro, pelo menos que fosse pela possibilidade de experimentar diferente. Sou do tipo que sai de uma discussão pensando: "naquela hora deveria ter dito isso ou aquilo". As frases mais espirituosas vêm mais tarde, com delay. Eu sou um andróide com movimentos retardados.

Só que se arrepender dá um trabalho danado. Porque quando a gente percebe o arrependimento, tem que fazer alguma coisa em relação a isso. Tem que corrigir, de alguma maneira. E aí que começa a parte cansativa.

Ontem eu fumei dois cigarros. Arrependimento. Prometo não fumar mais nenhum (essa é uma mentira, mas vamos lá: autoengano, às vezes, dá resultado). Não fui à natação na segunda, mas ainda posso ir na quarta e sexta feira. Bebi demais outro dia e falei o que não devia. A lista é longa, se a gente correr de hoje até o minuto em que comecei a ter consciência de que posso me arrepender. Faz o quê, uns trinta anos? Talvez mais.

Tem também o pseudo arrependimento. Aquele que parece um arrependimento, mas que depois revela que tentar mudar vai fazer a emenda sair pior que o soneto. No pseudo arrependimento, a gente tá ferrado de vez, porque virando à esquerda ou à direita, vem merda pela frente.

E tem também o arrependimento de micro segundos. Aquele que nasce logo após a gente dizer ou fazer algo que se revela instantaneamente errado - quase tão rápido quanto o cara que buzina quando o sinal abre. Nesse tipo, meus amigos, eu sou medalhista de ouro.

Mas voltando a gente que não se arrepende: tenha medo desses. Esses se consideram perfeitos. Esses não se dão as chibatadas existenciais necessárias pra qualquer crescimento pessoal. E lidar com gente que não se chicoteia dá um arrependimento enorme de não ser surdo.

Monday, May 09, 2011

Carta aos Bispos da Igreja Católica

Há dias fiquei olhando para esta carta ATORDOADO. E, as palavras do Padre na Missa de ontem deram o soco final. Levaram-me a algumas conclusões/pensamentos:
1) Do ponto de vista social a Igreja novamente se mostra como uma força anti-democrática;
2) O juízo sobre a homossexualidade é moral. A Igreja aceita a pessoa homossexual. O importante, contudo é que quem se comporta de "modo homossexual", "age imoralmente". Ponto. Isso é tudo o que a Igreja consegue dizer. Em suma, se a pessoa passar sem sexo, ok, será tolerada. Casto tudo bem.
3) Na verdade, a Igreja não gosta de sexo algum. Demorou anos para admitir que heterossexuais podiam transar só por prazer.
4) Então, quem é católico pode se conformar e lamentar porque a Igreja perdeu completamente a capacidade de falar aos homossexuais.
5) AFINAL, QUEM VAI QUERER CONVERSAR COM UMA INSTITUIÇÃO QUE NOS TRATA COMO PORTADORES DE UMA DESORDEM MORAL, UM DEFEITO, UMA FALHA?
6) De uns tempos pra cá, entendi que a religião que passei a amar não era "propriedade" do papa e mantinha minha fé!

Mas hoje fico só com a fé.

Sunday, August 01, 2010

Branco

Não tô conseguindo escrever.
Sento aqui na frente dessa tela, olho pra ela, olho pra ela, e sempre acabo me distraindo com outra coisa e simplesmente não sai nada. Deu branco.


Deu branco nos pensamentos. Deu branco na emoção. Deu branco nas atitudes. Deu branco na vida.

Tudo por causa do branco...

Wednesday, April 21, 2010

Eu tenho medo do fim do mundo

São tantas as tragédias que tem acontecido nos últimos tempos que anda aflorando em mim um dos meus pavores maiores: eu tenho medo do mundo acabar. desde menino, talvez impressionado pela erupção do Etna no meio da minha infância. fiquei tão traumatizado que nunca achei a menor graça em vulcão. O fato é que cresci embalado pela certeza de que "aqui não tem dessas coisas". Moramos bem no meio da tal placa tectônica; aqui não tem terremoto, nem vulcão, nem furacão. Estamos salvos. Rá. E agora eu resolvi estudar de maneira acadêmica tais fenômenos.
Claro, porque tudo mudou desde que o mundo virou ao contrário. O Sul do Brasil vive tendo um tremelique. Tornado virou habituée. Vulcão... não, vulcão ainda não. Mas aí vejo um 2010 em que já tivemos terremotos no Haiti, no Chile e na China. E sempre fica aquele sentimento de que mensagem Deus quer nos enviar mandando tragédias pra lugares que já são totalmente fodidos. Limpeza social ou voto de misericórdia? Fica a pergunta.
E, pra completar, nesse último fim de semana a Europa PAROU em consequência da pré-erupção de um vulcão na Islândia. A LINDA e cruel nuvem de fumaça causada pelas cinzas mandou desligar o tráfego aéreo do Velho Mundo. Todos os aeroportos foram fechados e todos os vôos cancelados. E no ar a pergunta: será o fim do mundo ou são mesmo os Deuses Astronautas?
Eu tenho medo que o mundo acabe e eu não tenha tempo de ser tão feliz quanto eu gostaria de ser nessa vida.

Wednesday, February 17, 2010

Montando Wanderson

Hoje me deu vontade de escrever um post de ano novo.
Aproveitei para ler o texto do ano retrasado
, e fiquei bem feliz com ele. É lógico que não fiz tudo que estava lá, mas fiquei com a sensação que estou indo. AS sensações começam a ser diferentes. Agora, sinto que para a frente, na maior parte das vezes.

Descobri em 2010 que meus 33 anos podem ser resumidos em uma caixa de SEDEX de papelão tamanho pequeno. Desde o final do ano passado comprei um apartamento e venho desde então tentando montá-lo. Comprei os moveis, a decoração relacionando o que eu gosto com o que poderia pagar. Mas percebi ao longo desses 5 meses, sempre que arrumava meu novo refugio, que eu não tenho mais todos os livros e CDs que comprei, e tenho apenas três pequenos souvenirs de pessoas e lugares. Queria encontrar os cartões que minha mãe me deu na adolescência e com a falta deles, tive vontade de chorar. Queria encontrar também bilhetinhos mal escritos pela minha avo. Senti falta das cartas que escrevia em códigos morrendo de medo da minha mãe ler sobre os sentimentos que tinha por outros meninos.

Tive uma idéia de decorar uma parede do meu quarto com fotos em preto e branco de uma época que não volta mais: minha infância, adolescência, das viagens que fiz e de namoradas(os) que não tive, mas também, não encontrei as fotos. Onde elas estarão?

Com a minha matricula na PUC este ano, entendi porque estava tão ansioso, entusiasmado e ansioso por esta faculdade. Não encontrei também nenhum material da faculdade anterior. Não tinha lembranças das sensações de ser aprovado no Vestibular, mas agora sinto-me adolescente pos cursinho de vestibular.

Me fez doer a falta de ursinhos de pelúcia, embora eu os odeie, de ex-namorados que não tive. Cheguei a considerar que essas lembranças ainda estão por vir.

Encontrei muito material corporativo em papel, CD e ate VHS. Parece uma espécie de premio, uma medalha. O mais importante são as revistas que fui clicado em alguns poucos prêmios. Eu sempre olhei mais para o trabalho que para mim. A mais importante foi o premio da ABT em que apareço na revista italiana NOI. Eu com um sorriso largo: sempre soube me divertir como ninguém! Claro quando queria.

Agora, tudo isso esta guardado dentro de mim. Lembro de fotos tiradas na praia quando criança que não as tenho. Poucas viagens que fiz e sem registros, mas não porque não foram feitos, mas porque eu preferi perde-las. Mas vou arrumar minha nova casa e enche-la de lembranças-fisicas e registradas. E começo junto com recomeço.

To indo juntar meu tesouro pra na próxima mudança ter o prazer de embalar varias caixas de papelão. Mesmo que esteja enterrado e semi esquecido.