Monday, March 19, 2007

Inveja

Eu tenho ótimas idéias à noite. E li uma ótima explicação na Superinteressante uma vez sobre isso. À noite, supostamente, sofremos uma baixa de uma certa substância no cérebro, que seria responsável pelos nossos julgamentos. Ou seja, a gente acha que está tendo ótimas idéias, mas na manhã seguinte conseguimos perceber que a maioria dos nossos devaneios da noite anterior eram enormes bobagens. Porque o cérebro, depois de horas de sono, se encarrega de repor a tal substância.Tudo bem, minhas idéias então não são ótimas.
Além de perceber isso quando acordo, não consigo ter boas idéias à luz do dia. E passo a ter inveja de quem tem. E mais ainda de quem consegue colocar essas idéias em prática. Tenho odiado pessoas bem sucedidas.A inveja, aliás, é um sentimento muito estranho. Principalmente se ela aparece nos momentos em que você está pensando nos rumos bem sucedidos da vida de uma pessoa de que gosta muito. Metade do seu rosto sorri. Já a outra metade franze a testa, como se pensasse “que droga, eu queria ser essa pessoa”.
Mas ninguém admite, de fato, sentir inveja. Na entrevista de emprego, na entrevista publicada na revista, em qualquer situação da vida, quando a pergunta é “qual o seu maior defeito?”, a insossa resposta é “sou perfeccionista”. Ou, no máximo, “sou muito exigente comigo mesmo”. Uma única vez me perguntaram isso em uma entrevista de emprego. A vontade era de responder “tenho inveja de vez em quando”. Mas o que saiu foi “eu durmo além da conta, sinto muito sono”, e depois dei uma risadinha, como se estivesse brincando. Não estava brincando, não. O que eu queria dizer era que invisto muito no meu sono para ver se meu cérebro consegue repor, além da tal substância do julgamento, algum hormônio do bom senso. Para eu não sentir mais inveja de ninguém. Mas o dito cujo não tem tido muito sucesso nesse departamento. Maldito cérebro.

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