Wednesday, May 20, 2009

Contente e Saltitante?

Há um mês eu voltei a fazer análise. Meu terapeuta é um cara bonitão, de uns 1,90 de altura, que faz questão de me cumprimentar com um aperto de mão quando eu chego ao seu consultório. Eu adoro essa distância do aperto de mão: não somos amigos, não somos nem conhecidos - ele é um profissional que eu contratei com o objetivo de me tornar menos maluco. O cara que sabe tudo da minha vida e que pode me conhecer melhor do que os meus pais tem que ser, no mínimo, alguém com quem eu não mantenha proximidade.
Na sala do meu terapeuta tem um divã e um sofá. Já me contaram que pra conquistar o divã você precisa marcar muitos pontos freudianos, e como eu sou um novato nessa coisa de psicanálise, o sofá me cai muito bem, por enquanto. Principalmente porque quando chego estou sempre meio sem graça, não sei por onde começar a sessão e tenho a impressão de que os meus problemas são medíocres e por isso nos primeiros vinte minutos eu minto inexplicavelmente.
A terapia me fez um pouquinho mais pobre, mas muito menos histérico que o habitual. Saio de lá sempre de bom humor, achando que a vida é bela e que tem jeito pra tudo. Aliás, saio sempre com um dever de casa existencialista para colocar em prática durante a semana. E eu estou tão aplicado no intuito de manter a mente sã que faço as minhas tarefas direitinho, e de vez em quando ganho estrelinhas douradas no meu caderno de exercícios.
E foi então que eu imaginei ter aprendido que quando você trata os outros bem, eles também tratariam você direito. E com isso você melhoraria sensivelmente o cotidiano. Imaginei acordar saltitante e cantante, fascinado na facilidade e na rapidez de resposta das pessoas quando percebessem, mesmo que incoscientemente, que você quer o bem delas. Já disse uma vez que eu estou aqui na Terra pra fazer bem a outras pessoas (e levei uma bronca: "você está na Terra pra ser feliz!", me alertaram). Talvez toda essa minha estória de fazer o bem para colher o bem sejam sonhos e ilusões que por consequencia acabam em desilusão.

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