Friday, May 11, 2007

Carta aos que ficaram

Há três meses atrás, eu me despedia de um grupo de amigos que em meio a muitas dificuldades e contradições consegui estabelecer uma relação de cumplicidade, admiração e hoje... ausência. No final do encontro, um choppinho no final da tarde, eu já começava a sentir as saudades que teria da nossa convivência , depois de quase dois anos de convivência intensa. Eu sabia que ultrapassar as barreiras dos torpedos, e-mail´s e telefonemas para um reencontro seria muito difícil e, mesmo assim, embalado por latas e latas de cerveja, eles me abraçaram e me deram um beijo no rosto. Chorei como há muito não havia chorado: um choro literal, um sentimento de separação e de afastamento sem opção.

O mais certo é que eu nunca mais volte à Campinas. Ou até Recife e à Bahia (lugares onde também me despedi arbitrariamente pela vida!). Mas em todos estes lugares deixei pra trás novos amigos, de idades variadas, que acolherem à mim como membro de uma grande família.
Uma vez, quando estava em Belo Horizonte, um mineirinho que havia conhecido toda a América Latina me ensinou que, para quem viva na estrada, o lance é estar desapegado das pessoas. Uma coisa assim meio budista, de deixar que o outro parta, que conclua a participação que teve na nossa vida, sem sofrer por saudades. O mineirinho, cujo nome já nem me lembro mais, disse que esta foi a maior lição que ele aprendeu nas suas andanças de um ano e meia pela América do Sul. E ele disse isso, é claro, quando estávamos nos despedindo.
Mas eu nunca fui muito bom em deixar as pessoas passarem. Tenho essa mania de segurar por perto quem eu considero de bem, talvez porque eu esteja de saco cheíssimo de gente chata.

Voltarei em breve...