Tuesday, March 20, 2007

O que eu vou ser quando crescer

Eu era a única criança da escola que não sabia o que queria ser quando crescesse. Existiam aquelas criaturas que queriam ser coisas quase impossíveis, tipo jogador de futebol ou astronauta. Eu achava isso ridículo. Sim, já nasci com um senso crítico aguçadíssimo e ainda não sei como me livrar desse carma em certos momentos da vida.
Ainda tinha uma amiga que desde que completou três anos já tinha certeza que queria ser jornalista. "Jornalista de economia", ela deixava bem claro. Eu também não podia deixar de achar aquilo esquisito. Nunca consegui me identificar com nada que era oferecido.
Nos últimos tempos tenho experimentado a mesma sensação do término do segundo grau. Não me canso de me perguntar para onde eu vou. Tenho uma vontade enorme de mandar para mim mesmo: "Para onde eu vou? Para casa. Pensar nas milhões de possibilidades de ganhar dinheiro sem ter que trabalhar". Mas eu tenho que manter uma certa aparência.

Monday, March 19, 2007

Inveja

Eu tenho ótimas idéias à noite. E li uma ótima explicação na Superinteressante uma vez sobre isso. À noite, supostamente, sofremos uma baixa de uma certa substância no cérebro, que seria responsável pelos nossos julgamentos. Ou seja, a gente acha que está tendo ótimas idéias, mas na manhã seguinte conseguimos perceber que a maioria dos nossos devaneios da noite anterior eram enormes bobagens. Porque o cérebro, depois de horas de sono, se encarrega de repor a tal substância.Tudo bem, minhas idéias então não são ótimas.
Além de perceber isso quando acordo, não consigo ter boas idéias à luz do dia. E passo a ter inveja de quem tem. E mais ainda de quem consegue colocar essas idéias em prática. Tenho odiado pessoas bem sucedidas.A inveja, aliás, é um sentimento muito estranho. Principalmente se ela aparece nos momentos em que você está pensando nos rumos bem sucedidos da vida de uma pessoa de que gosta muito. Metade do seu rosto sorri. Já a outra metade franze a testa, como se pensasse “que droga, eu queria ser essa pessoa”.
Mas ninguém admite, de fato, sentir inveja. Na entrevista de emprego, na entrevista publicada na revista, em qualquer situação da vida, quando a pergunta é “qual o seu maior defeito?”, a insossa resposta é “sou perfeccionista”. Ou, no máximo, “sou muito exigente comigo mesmo”. Uma única vez me perguntaram isso em uma entrevista de emprego. A vontade era de responder “tenho inveja de vez em quando”. Mas o que saiu foi “eu durmo além da conta, sinto muito sono”, e depois dei uma risadinha, como se estivesse brincando. Não estava brincando, não. O que eu queria dizer era que invisto muito no meu sono para ver se meu cérebro consegue repor, além da tal substância do julgamento, algum hormônio do bom senso. Para eu não sentir mais inveja de ninguém. Mas o dito cujo não tem tido muito sucesso nesse departamento. Maldito cérebro.